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terça-feira, 19 de março de 2013

Um conto singelo


Um conto inédito de
Rafael Bahov Shinnishi

"Ao despir a ceroula notei as bolhas que inundavam meu cotovelo"




Meu marido é um cara estranho pacas. Estávamos retornando da Sibéria quando ele me veio com essa história esquisita.
"Lu, você já reparou no grau de importância que costumamos dar aos títulos das short stories que escrevemos?"
A Sibéria é um lugar tão horrendamente frio e inóspito que, por mais que já tenhamos visitado dezenas de vezes por conta da nossa troca de casais quadrimestral, eu nunca me acostumo com a sensação de alívio que sinto quando estamos quase chegando no conforto do nosso lar afegão.
"Nós negligenciamos os títulos?"
"Ao contrário! Nós superestimamos os nomes dos nossos contos".
"Você notou isso agora, do nada?"
"Sim. Fui acometido por um insight repentino".
Odeio palavras e termos norte-americanos. As raízes de tal ojeriza remetem à um trauma infantil. Eu acabara de completar seis anos quando meus brinquedos novos vieram acompanhados de um delírio febril que provocou uma visão horrorosa: um indivíduo fantasiado de extraterrestre dava três chutes na porta da cozinha e tentava me sufocar com o edredom da minha avó. O problema não foi o medo de morrer. Vivo irritada até hoje porque o assassino insistia em assobiar "Singin in the Rain".
"Alguém disse isso a você?"
"Absolutamente! Eu sempre me refiro aos meus pensamentos dessa maneira. Insights."
"Dudu, estou perguntando se alguém questionou os nossos títulos. Eu sei muito bem que você usa o termo insight pra quase tudo. Lembra? Você ouviu isso num filme."
"Foi no Rei Leão, né?"
"Não. No Rei Leão você chorou sem parar".
Eduardo e eu ficamos famosos por causa dos nossos livros de contos escritos a quatro mãos. Quando da entrega do nosso primeiro original, o editor grunhiu qualquer coisa dando a entender que não venderíamos o livro sequer aos nossos parentes consanguíneos, mas a resposta do público o calou. Vendemos mais que desodorante para dromedário. Mais do que desodorante para dromedário vende no Afeganistão, claro".
"É mesmo. Que vergonha".
"Eu que o diga. Minha mãe vive jogando isso na minha cara".
"Que você casou com um cara que chorou ao assistir O Rei Leão?"
"Exatamente".
"Podemos retornar aos títulos dos nossos contos?"
"Psiu. Fala baixo. Tem um carro suspeito em frente da nossa casa".
"Caceta! Tem mesmo. É um Lada. Você já tinha visto um Lada no Afeganistão?"
"É o primeiro. E agora? Entramos em casa ou damos mais uma volta no quarteirão?"
Optamos por entrar na casa dos gêmeos Gzifa e Zelgai, convenientemente esquecida aberta.
Ficamos imersos nos mais hitchcockiano dos silêncios, sendo que esse só foi quebrado por três violentos chutes na porta da cozinha.

domingo, 17 de março de 2013

Romero Britto e sua "arte" chata

Romero Britto confecciona uma arte de produção em massa, sua obra se assemelha a um produto de consumo, é imediatista, não provoca reflexão, não contesta a realidade. Por isso que eu considero o Romero Britto como sendo o Paulo Coelho das Artes Plásticas. Horrível. Péssimo. Uma amiga acabou de me dizer que esses dois indivíduos merecem o respeito dela por terem alcançado o "sucesso". Esses caras fazem sucesso. Ok. Concordo com ela. Mas não é por isso que terão meu respeito, tampouco consumirei suas "obras". E como seria esse sucesso? Enganar as pessoas vendendo para elas a ideia de que "todos são capazes de prosperar na vida, se você não prosperou, a culpa é sua" é sinônimo de sucesso? Vender milhares de exemplares não importando qual seja o conteúdo que você está propagando é "sucesso"??? Olha, pra mim isso se chama "charlatanismo" e "mediocridade literária". 

Quem sou eu

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Eu sou uma MARMOTA Corintiana. Avante Timão!